Formulação do problema

A formulação do problema é um passo crucial no processo de pesquisa, envolvendo a identificação e definição clara de uma dificuldade teórica ou prática de real importância. Esse processo requer clareza, concisão e objetividade, preferencialmente apresentado de forma interrogativa e delimitado com indicações das variáveis relevantes. A formulação do problema exige um pensamento reflexivo contínuo, combinando conhecimento prévio do assunto com imaginação criativa.

A gravidade de um problema está relacionada à importância dos objetivos e à eficácia das alternativas. A caracterização adequada do problema simplifica a pesquisa, enquanto um problema muito abrangente a torna mais complexa. Após a formulação, é necessário analisar o problema quanto à viabilidade, relevância, novidade, exequibilidade e oportunidade.

A concepção de um problema científico muitas vezes envolve relacionar variáveis independentes com o fenômeno em estudo. Existem diferentes tipos de problemas, como problemas de estudos acadêmicos (descritivos, informativos, explicativos ou preditivos), problemas de informação (coleta de dados observáveis), problemas de ação (aplicação de conhecimentos) e investigação pura e aplicada (relacionados ao conhecimento científico ou sua aplicabilidade).

Ao formular um problema, é essencial responder às perguntas: “O quê?” e “Como?”, estabelecendo as bases para as etapas subsequentes da pesquisa.

Definição dos Termos

A definição dos termos tem como objetivo torná-los claros, compreensíveis, objetivos e apropriados, evitando interpretações errôneas. Isso contribui para uma melhor compreensão da realidade observada. Alguns conceitos podem ser bem ajustados aos objetivos, enquanto outros menos usados podem gerar ambiguidades. As divergências muitas vezes surgem de diferentes teorias ou áreas do conhecimento. Portanto, é crucial definir, esclarecer e explicitar os termos. O pesquisador está interessado nos conceitos que as palavras indicam, nos aspectos da realidade que representam. Existem dois tipos de definições: simples, que traduzem o significado de termos menos conhecidos, e operacionais, que, além do significado, utilizam exemplos para tornar claro o conceito, relacionando-o à experiência no mundo extensional.

Construção de Hipóteses

O processo de construção de hipóteses desempenha um papel crucial na pesquisa científica, sendo uma proposição formulada para verificar a validade de respostas a problemas específicos. Essas suposições, embora provisórias, orientam a busca por informações e explicam fenômenos. A clareza na definição dos termos é essencial, e as hipóteses devem ter embasamento teórico, servindo como guias na investigação. Os resultados da pesquisa podem confirmar ou rejeitar as hipóteses, levando a reformulações e novos testes. Há desafios na formulação, como a falta de um quadro teórico claro, dificuldades lógicas e desconhecimento de técnicas de pesquisa. Mesmo em estudos exploratórios, a formulação de hipóteses, conhecida como hipótese de trabalho, é fundamental para alcançar interpretações mais profundas e úteis.

Indicação de Variáveis / Delimitação da Pesquisa

O texto aborda aspectos importantes no planejamento de uma pesquisa, destacando a necessidade de indicar claramente as variáveis dependentes e independentes ao formular o problema e a hipótese. Além disso, enfatiza a importância de delimitar a pesquisa, estabelecendo limites em termos de assunto, extensão e fatores como recursos humanos, econômicos e prazo.

O autor menciona três níveis de limites propostos por Ander-Egg: relacionados ao objeto (variáveis no fenômeno estudado), ao campo de investigação (tempo e espaço) e ao nível de investigação (estágios exploratórios, de investigação e de comprovação de hipóteses). A escolha entre estudar todo o universo da pesquisa ou apenas uma amostra é discutida, destacando a importância da representatividade e significância da amostra selecionada.

O método de amostragem é apresentado como uma alternativa quando não é possível pesquisar todos os indivíduos devido a limitações de recursos ou tempo. A eficácia desse método depende da representatividade da amostra e da inclusão de características proporcionais ao universo total

Métodos de Amostragem, Seleção de Métodos e Técnicas, Organização do Instrumental de Pesquisa

1. Amostragem:

  • Amostra é uma parcela selecionada do universo ou população.
  • Processos de determinação da amostragem são detalhados em capítulos subsequentes.

2. Seleção de Métodos e Técnicas:

  • Métodos e técnicas são escolhidos desde a proposição do problema até a delimitação do universo ou amostra.
  • A escolha depende da natureza do problema, das hipóteses, dos recursos financeiros, da equipe e outros fatores.
  • Métodos e técnicas devem se adequar ao problema, às hipóteses e aos informantes envolvidos.
  • Em pesquisas, utiliza-se uma combinação de métodos e técnicas, dependendo do caso.

3. Organização do Instrumental de Pesquisa:

  • A elaboração dos instrumentos de investigação é uma etapa crucial no planejamento da pesquisa.
  • Obras sobre pesquisa científica oferecem esboços práticos para montagem de formulários, questionários, roteiros de entrevistas, escalas de opinião, etc.
  • A organização do material de pesquisa inclui dois aspectos: organização para a investigação e arquivamento de ideias e fatos acumulados.
  • Fichários são indicados, incluindo os de pessoas, de documentação e dos “indivíduos” pesquisados.
  • Arquivos devem conter resumos de livros, recortes de periódicos, notas e outros materiais organizados para ampliação de conhecimentos.

Teste de instrumentos e procedimentos

O teste de instrumentos e procedimentos é essencial para garantir a validade de uma pesquisa. O método mais comum para essa verificação é o teste-preliminar ou pré-teste, que consiste em aplicar os instrumentos a uma pequena parte da população antes da implementação definitiva. Isso visa evitar resultados falsos e avaliar a capacidade dos instrumentos em fornecer resultados livres de erros. Realizar o pré-teste em 5 a 10% do tamanho da amostra é geralmente suficiente. Investigadores experientes devem conduzir o pré-teste para avaliar a validade dos métodos. Dificuldades na coleta de dados, como falhas em questionários, podem surgir, e o pré-teste ajuda a identificar e corrigir esses problemas antes da aplicação final. Para assegurar perspectivas científicas sólidas, é necessário considerar a fidelidade dos instrumentos, precisão dos testes, objetividade e validade das entrevistas e questionários, além do critério de seleção da amostra. O pré-teste pode ser aplicado a uma amostra aleatória representativa ou intencional e, quando conduzido rigorosamente, resulta em uma pesquisa-piloto.

Execução da Pesquisa : Coleta de Dados/ Elaboração dos Dados

Coleta dos Dados Na fase de coleta, são aplicados instrumentos e técnicas para obter os dados planejados. Essa etapa demanda paciência, perseverança e esforço do pesquisador, além de um registro cuidadoso. O alinhamento entre tarefas organizacionais e científicas é crucial, e o planejamento prévio reduz o desperdício de tempo no trabalho de campo. O controle rigoroso na aplicação dos instrumentos evita erros.

Técnicas de Pesquisa: Diversas técnicas, como coleta documental, observação, entrevista, questionário, formulário, medidas de opiniões, técnicas mercadológicas, testes, sociometria, análise de conteúdo e história de vida, são utilizadas de acordo com as circunstâncias.

Elaboração dos Dados: Após a coleta, os dados passam por seleção, codificação e tabulação antes da análise.

  • Seleção: Exame minucioso para detectar falhas ou erros e evitar informações confusas.
  • Codificação: Transformação dos dados em símbolos, categorizando e atribuindo códigos para facilitar a tabulação. Requer critérios do codificador.
  • Tabulação: Disposição dos dados em tabelas para verificar inter-relações. Parte da análise estatística, facilita a compreensão e interpretação rápida. Pode ser manual ou mecânica, dependendo do projeto.

Análise e Interpretação dos Dados

O texto aborda a fase de análise e interpretação dos dados em uma pesquisa, destacando a importância dessa etapa no núcleo central do processo investigativo. A análise envolve a busca por relações entre o fenômeno estudado e outros fatores, utilizando métodos lógicos dedutivos e indutivos. Esse processo compreende três níveis: interpretação, explicação e especificação, visando ampliar o conhecimento sobre o fenômeno.

A interpretação, por sua vez, busca dar um significado mais amplo às respostas, conectando-as a outros conhecimentos. Isso envolve a exposição do verdadeiro significado do material apresentado em relação aos objetivos da pesquisa. A construção de tipos, modelos e esquemas, assim como a ligação com a teoria, são elementos importantes nessa fase.

Para uma análise e interpretação eficazes, é essencial um planejamento bem elaborado da pesquisa e consideração da complexidade ou simplicidade das hipóteses ou problemas. O texto destaca ainda alguns aspectos que podem comprometer o êxito da investigação, como confusão entre afirmações e fatos, incapacidade de reconhecer limitações, tabulação descuidada, procedimentos estatísticos inadequados, erros de cálculo, defeitos de lógica, parcialidade inconsciente do investigador e falta de imaginação.

Em resumo, a análise e interpretação dos dados são etapas cruciais que exigem rigor metodológico, conexão com a teoria e atenção a possíveis armadilhas que podem comprometer a validade da pesquisa.

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