página 51 á 54

PIEDADE PARA O POBRE DESIGNER

Desenvolver um projeto de design de qualidade é uma tarefa árdua. O designer se vê diante de demandas conflitantes: o fabricante busca eficiência na produção, a loja deseja atratividade para os clientes e o comprador tem exigências diversas. Na loja, o foco está no preço, na aparência e, talvez, no prestígio; em casa, a atenção se volta para a funcionalidade e usabilidade. O serviço de reparos, por sua vez, prioriza a qualidade de manutenção. As necessidades dessas partes interessadas são distintas, por vezes contraditórias, mas o designer, de alguma forma, busca conciliá-las.

Um exemplo simples de design eficaz é o disquete magnético de 3 1/2 polegadas para computadores. Este pequeno círculo de material magnético flexível está encapsulado em plástico resistente. Diferentemente dos disquetes anteriores, este possui um invólucro que protege o material magnético de mau uso e danos. Uma capa de metal deslizante resguarda a superfície magnética quando não está em uso, abrindo automaticamente ao ser inserido no computador. Com formato quadrado, possui pequenas nuances que impedem inserções incorretas, demonstrando um excelente design.

Outro exemplo notável é a caneta marca-texto de ponta de feltro. Suas nervuras ao longo de um lado indicam a melhor orientação para uso. Ao examinar mais de perto, percebe-se que a ponta inclinada proporciona melhores resultados quando as nervuras estão viradas para cima, facilitando o apoio do dedo indicador. Embora seja possível segurá-la de outras maneiras, o design sutilmente funcional das nervuras destaca-se, combinando funcionalidade e estética discreta.

O mundo está repleto de exemplos de bom design, onde detalhes cuidadosamente pensados fazem diferenças significativas em nossa vida. No entanto, muitas boas ideias de design não chegam ao mercado, ou desaparecem após breve destaque. Conversei uma vez com um designer sobre as frustrações de levar ao mercado a melhor conceção de um produto.

O Paradoxo da Tecnologia

A tecnologia, apesar de oferecer benefícios para facilitar e melhorar a vida, apresenta um paradoxo de complexidade crescente. O desenvolvimento tecnológico segue uma curva em forma de U, começando com alta complexidade, atingindo uma fase confortável e simples, mas eventualmente retornando à complexidade. Este padrão é observado na evolução de dispositivos como relógios, rádios, telefones e televisores.

Tomemos o exemplo do rádio: inicialmente complexo, evoluiu para modelos simples e fáceis de usar. No entanto, tecnologias mais recentes reintroduzem complexidade, com inúmeros controles, mostradores e luzes. O dilema reside no fato de que, embora os dispositivos modernos sejam tecnologicamente avançados, sua complexidade pode torná-los impraticáveis para o usuário médio.

O problema de design gerado pelos avanços tecnológicos é evidente nos relógios. Antigamente simples, com ajustes básicos através de uma haste, os relógios modernos incorporam funcionalidades avançadas, mas muitas vezes à custa de uma interface complicada. O desafio é equilibrar a inovação tecnológica com a usabilidade, garantindo que os benefícios oferecidos pela tecnologia não se percam na complexidade excessiva, tornando-os inacessíveis para o usuário comum.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *