paginas 31 á 42

2.3.2 O UTILIZADOR E O FORMATO DIGITAL

Uso de cores complementares saturadas
As cores complementares são o inverso umas das outras nos ecrãs. Essas
cores, quando altamente saturadas e posicionadas ao lado uma da
outra, podem criar situações de difícil percepção ou de concentração.
Saturação excessiva
As cores altamente saturadas tendem a parecer berrantes e a chamar
muita atenção. De uma forma moderada, as cores saturadas podem
ser usadas em pequenas amostras para capturar a atenção do utilizador, mas devem ser sempre usadas com moderação.
Contrastes inadequados
Quando as cores dos objectos diferem das cores do fundo apenas na
tonalidade, mas não na saturação ou brilho, tornam-se difíceis de
perceber. Os objectos e o fundo devem variar em brilho ou saturação.
O autor refere ainda que, o texto de cor em fundos com cor também
devem ser evitados, sempre que possível.
Falta de atenção ao Daltonismo
É necessário ter algum cuidado ao usar tons de vermelho e verde (em
particular), para comunicar informações importantes. As outras cores
usadas devem ser consideradas em saturação ou o brilho para que
este tipo de utilizadores as possam distinguir umas das outras. Se a
conversão para tons de cinza da paleta de cores utilizada for facilmente distinguível, os utilizadores daltónicos devem ser capazes de
distinguir a versão das cores.

2.3.2.1 OBJECTIVOS DO UTILIZADOR

Na contemporaneidade, o foco recai no utilizador, considerado um conjunto de necessidades e deficiências. Sua dinâmica assemelha-se à de um paciente ou criança, demandando proteção, análise e controle, sujeito a investigações e testes.

A evolução digital intensificou a exigência do utilizador, levando-o a especular sobre suas buscas e resultados. Apesar disso, a pergunta de Heller destaca a impaciência dos leitores da web em comparação com os leitores de impressão. Contrariando a suposição de dificuldade na leitura em telas digitais, a HCI demonstra a eficiência da leitura em texto preto nítido em fundo branco, tanto em telas quanto em páginas impressas.

A transformação tecnológica substituiu os formatos tradicionais por versões digitais, como livros e jornais, tornando o utilizador mais seletivo e impaciente devido ao volume de informações. A análise de Bierut, Drentell e Heller revela que a impaciência do leitor digital deriva de hábitos culturais e expectativas distintas em relação à produtividade e pesquisa, contrastando com os leitores de impressão que buscam um modo mais contemplativo.

2.3.3 PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO (WEBSITES, APLICAÇÕES DIGITAIS)

Os objetivos do utilizador desempenham um papel crucial no design de produtos digitais, conforme destaca Alan Cooper. A perfeição tecnológica sozinha não é suficiente; é essencial compreender e atender aos objetivos dos utilizadores para determinar a importância das atividades de design. Cooper ressalta que o design deve se alinhar aos objetivos do utilizador, indo além de simples considerações tecnológicas e tarefas.

Ao analisar produtos digitais no mercado, Cooper identifica falhas comuns, como fazer os utilizadores parecerem estúpidos, permitir erros graves, exigir esforço excessivo para operações eficientes e não proporcionar uma experiência agradável. Muitas vezes, objetivos e expectativas do utilizador são negligenciados por motivos comerciais, resultando em experiências digitais desagradáveis.

Empresas estão reconhecendo a importância de compreender e adaptar-se aos utilizadores, tentando melhorar a amigabilidade de suas aplicações. Contudo, Cooper destaca que, frequentemente, as mudanças são ineficazes devido à abordagem tradicional, onde o design de interfaces ocorre após a programação, perdendo a oportunidade de ajustar o produto conforme as necessidades do utilizador. Cooper compara essa abordagem ao planeamento de um prédio, enfatizando a importância de definir o design desde o início do desenvolvimento do produto digital.

2.3.3.1 ARQUITECTURA DE INFORMAÇÃO E SISTEMA DE NAVEGAÇÃO

A Arquitetura de Informação, segundo Robin Landa, é a organização cuidadosa do conteúdo em websites ou produtos digitais, estabelecendo uma ordem hierárquica para facilitar a navegação do utilizador. Essa organização não é linear, permitindo ao utilizador alcançar rapidamente seu destino de qualquer ponto no website ou produto digital.

Landa destaca a importância da clareza e organização da informação para proporcionar uma experiência positiva, especialmente em websites com excesso de tipografia, como revistas online, arquivos, museus e sites governamentais.

A Arquitetura de Informação guia o designer na composição geral do website ou produto digital, sendo a interface gráfica para acessar a informação parte crucial dessa arquitetura, chamada de Sistema de Navegação. Websites devem ter vários níveis de navegação, incluindo portal navegacional, navegação global, navegação secundária e navegação única de páginas web.

O Sistema de Navegação compreende caminhos visuais e digitais, geralmente representados por tabs e botões. Esses elementos devem ser limpos, simples e consistentes para que o utilizador reconheça links clicáveis e se mova eficientemente pelo website.

Lupton acrescenta a descrição de vários tipos de menus, como o persistente, suspenso, deslizante e separadores, cada um desempenhando funções específicas na navegação.

Embora Landa se refira principalmente a websites, a Arquitetura de Informação é essencial em qualquer produto digital. As regras aplicadas aos websites, incluindo os sistemas de navegação, são igualmente relevantes para garantir uma navegação clara e simples entre as funcionalidades de produtos digitais.

2.3.4 OS ELEMENTOS E OS PRINCÍPIOS DO GRAFISMO NO DESIGN DE INTERFACES
2.3.4.1 COR

A cor desempenha um papel fundamental no design de interfaces, influenciando sentimentos, experiências e significados. A escolha cuidadosa das cores em projetos, conforme Wheeler destaca, exige compreensão da teoria das cores e habilidade em comandar a consistência e o significado na amplitude da multimédia.

A cor é uma ferramenta poderosa de informação e gráficos no design de interfaces digitais, onde os utilizadores atribuem significados ao seu uso, segundo Cooper. Sistemas como Hexadecimal, RGB e RGBA são empregados para identificar cores com precisão no ambiente digital.

Cooper ressalta a importância de usar a cor com moderação, integrando-a bem aos outros elementos da linguagem visual em interfaces. A cor pode chamar a atenção para elementos importantes, indicar relacionamentos e comunicar status ou informações.

Algumas formas incorretas de utilizar a cor no design de interfaces incluem o excesso de cores, que pode tornar a experiência do utilizador lenta e dispersa, e a falta de integração da cor com outros elementos visuais, impedindo uma comunicação eficaz. É crucial para o designer considerar o equilíbrio e a harmonia na escolha e aplicação das cores para garantir uma experiência visual eficiente.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *