Resumo Capítulo 3 – Gerenciando os processos do projeto

Este capítulo tem como objetivo:

• Apresentar métodos que descrevem como o processo de construção deve
ser conduzido dentro das organizações
• Discutir técnicas consagradas na área como a observação etnográfica, o
projeto participativo e o desenvolvimento baseado em cenários
• Abordar os cuidados que o gerente desse tipo de projeto devem ter acerca
de como os funcionários da organização que irá receber o sistema vêem a
iniciativa.

Em tudo mundo, a Engenharia da Usabilidade tem se firmado como uma disciplina com práticas e padrões bem estabelecidos. Gerentes de projetos são convidados a adaptar as práticas apresentadas nesse capítulo a fim de adequá-las a seus orçamentos, cronogramas e estrutura organizacional. Entretanto, é importante que as empresas deem apoio organizacional à usabilidade. Esse ponto é importante uma vez que as empresas dão muito mais importância aos processos de engenharia de software que aos de usabilidade. Também discutiremos os três pilares sobre os quais o processo de desenvolvimento de sistemas interativos se assenta:

1) Um documento de guidelines para o processo propriamente dito;

2) Ferramentas de software para o desenvolvimento de interface;

3) A revisão de especialistas e os testes de usabilidade.

  1. Apoio organizacional à usabilidade

Quando os dois produtos possuem funcionalidades semelhantes, a da usabilidade passa a ser o principal critério de comparação. Assim aquele que tiver usabilidade superior tem vantagem. Cientes disso, muitas empresas desenvolvedoras de software criaram laboratórios de usabilidade que são utilizados para revisão de especialistas e na condução de testes de usabilidade. Especialistas de fora do projeto podem fornecer observações importantes e enriquecedoras, enquanto os testes de usabilidade realizados nas principais tarefas do domínio de aplicação implementadas em um sistema de computação são muito importantes para o entendimento de performance dos futuros utilizador.

  1. Os três pilares do projeto

Os três pilares (Figura 31) descritos abaixo foram propostos por (SHNEIDERMAN E PLAISANT (2005) com o intuito de ajudar o projetista a “tornar boas
idéias em sistemas de sucesso”.

FIgura 31 -Pilares de um projeto

2.1 Guidelines e processos
Antes de mais nada, o grupo de desenvolvimento deve elaborar um documento contendo guidelines, ou seja, orientações que devem guiar todos os projetistas da organização.

2.2 Ferramentas de software de apoio ao desenvolvimento da interface
Uma das dificuldades no projeto de sistemas interativos encontra-se no fato
de que clientes e utilizadores normalmente não tem idéia de como o sistema
ficará até que ele esteja pronto.

2.3 Revisão de especialistas e testes de usabilidade
Produtores de espetáculos de teatro sabem que antes da estreia devem fazer ensaios onde todos as personagens vestem com as suas fantasias e o palco está montado exatamente da forma em que estará no primeiro dia de espetáculo.

  1. Metodologias de desenvolvimento

3.1 Introdução
SHNEIDERMAN e PLAISANT (2005) estima que cerca de sessenta porcento
dos projetos fracassam dos quais vinte e cinco porcento deles nunca terminam enquanto os outros trinta e cinco alcançam apenas sucesso parcial. Uma abordagem de desenvolvimento que leve considere as questões de usabilidade desde os estágios iniciais do projeto resultam em diminuição dramática de custos de desenvolvimento e manutenção. Tais abordagens produzem sistemas mais fáceis de se aprender e de se utilizar, aumentam a produtividade e diminuem as taxas de erro. Metodologias de engenharia de software como a UML tem-se se mostrado úteis para que projetistas e gerentes mantenham seus projetos dentro dos prazos e orçamentos estimados. Entretanto, nem sempre fornecem guidelines úteis à construção de interfaces de qualidade. Várias metodologias de projetos focadas no projeto de interfaces foram
propostas, como Hix e Hartson (1993) e Nielsen (1994). A título de ilustração detalharemos a metodologia Logical User-Center design proposta por Kreitzberg (1996). Ela identifica seis estágios no processo de desenvolvimento de sistemas interativos. Tais estágios estão abaixo listados.

Estágio 1: Desenvolvimento do conceito do produto

Estágio 2: Pesquisa e análise das necessidades

Estágio 3: Conceitos de projeto e protótipos de telas-chave

Estágio 4: Refinamento do projeto através de iterações

Estágio 5: Implemente o sistema

Estágio 6: Apóie o processo de implantação

Em seguida, discutiremos três técnicas bastante utilizadas no processo
de desenvolvimento de sistemas interativos: Observação etnográfica, projeto
participativo e desenvolvimento baseado em cenários.

3.2 Observação etnográfica

Praticamente todas metodologias incluem a observação de utilizadores em seu ambiente de trabalho como um dos passos iniciais no processo de construção de sistemas interativos. Para esses usuários, trabalhar em uma organização e em um lugar e em uma época acabam constituindo uma cultura única. Por esse motivo métodos etnográficos de observação tendem a se tornar cada vez mais importantes. “Um etnógrafo participa, de modo explícito ou não, no cotidiano das pessoas por um período extenso de tempo, observando o que acontece, ouvindo o que é falado e fazendo perguntas”, Hammersley e Atkinson (2007). Como etnográficos, projetistas de interface ganham entendimento sobre o comportamento individual e o contexto organizacional. O trabalho desses projetistas se diferencia do etnógrafo tradicional porque eles observam as interfaces em uso com o propósito de melhora-la ou de construir algo inteiramente novo. Enquanto etnógrafos tradicionais entram em um processo de imersão na cultura, o que normalmente leva semanas ou meses, projetistas de interface limitam esse tempo para dias ou mesmo horas e mesmo assim ainda conseguem obter informações necessárias ao seu ofício. Métodos etnográficos já foram empregados em observações realizadas em escritório, controle de tráfego aéreo e em vários outros domínios. Essa atividade também precisa de guidelines para diminuir as possibilidades de serem feitas observações irrelevantes ou que se deixe de perceber detalhes que devam ser considerados. ROSE et al. (1995) elaborou uma série
de guidelines com objetivo de tornar o processo de observação etnográfica mais produtivo, as quais transcrevemos a seguir:

  • Preparação
  • Estudo de Campo
  • Análise
  • Divulgação dos resultados

3.3 Projeto participativo

É fácil entender porque devemos envolver os usuários nas várias fases dos projetos de sistemas interativos. Um maior envolvimento resulta em informações mais precisas acerca das tarefas pertencentes ao escopo do sistema, mais oportunidades para que eles influenciem nas decisões de projeto, facilita o processo de aceitação do sistema e aumenta a sensação de que o projeto também é deles.

3.4 Desenvolvimento baseado em cenários

Nessa prática, bastante utilizada nos dias de hoje durante o processo de licitação de requisitos. Na construção dos cenários descrevemos situações em que os usuários se utilizarão recursos fornecidos pelo sistema para resolver situações encontradas no dia-a-dia de suas atividades. Quando possível e especialmente quando no cenário envolve mais de um ator e um processo de colaboração entre eles, é aconselhável criar um pequeno teatro e “executar” a atividade conjunta. Além dos utilizadores chave, esses “teatrinhos” devem ser encenados nos locais de trabalho para que os atores possam utilizar o espaço e os objetos normalmente empregados na execução das tarefas encenadas, por exemplo:
Recepção de hotéis, laboratórios de análises clínicas, etc. Os cenários podem representar situações normais ou emergenciais. Pode-se construir cenários descrevendo a utilização do sistema por usuários novatos e outro cenário onde a mesma atividade é executada por um usuário experiente.

  1. Impacto social

A introdução de sistemas interativos normalmente causam enorme impacto não somente nas organizações, mas também nas vidas das pessoas que as fazem. A fim de minimizar os riscos associados ao seu desenvolvimento e implantação, é interessante que se produza um documento bastante bem fundamentado antecipando os impactos que o sistema deve causar para que seja apresentado aos tomadores de decisão das empresas. A circulação desse documento, além de ser uma medida preventiva, pode elicitar sugestões produtivas por parte desse grupo. Essas sugestões podem levar a correções de rumo ainda em uma fase inicial do projeto, o que é bem mais barato do que em fases mais adiantadas. Shneiderman e Rose (1997) sugerem um roteiro para a construção do documento de impacto social, transcrito abaixo:

  • Descreva o novo sistema e seus benefícios
  • Aborde preocupações e potenciais barreiras
  • Descreva o processo de desenvolvimento

125 comentários em “Resumo Capítulo 3 – Gerenciando os processos do projeto”

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *